JOAQUIM RODRIGO: A CONSTRUÇÃO DE UMA IMAGEM HETEROTÓPICA

Resumo:

Joaquim Rodrigo construiu na década de 1950 uma abstracção, que afirmou uma vanguarda em Portugal, e experimentou um modelo materialista e redutivo para aquela. Em 1960 a sua pintura sofreu uma ruptura, este novo paradigma privilegiou a inscrição do signo como diferido da percepção “natural” e veio reclamar uma discursividade para a pintura, diversa da tautologia modernista, que reflectiu sobre o seu enquadramento histórico, político, etnográfico, em suma, cultural. A não submissão da pintura a uma unidade dos signos, códigos e espaço de inscrição, permitiu-lhe construir um método idiossincrático de articulação de heterogeneidades e as suas pinturas passaram a configurar topologias de singularidades, reunidas num espaço pictórico, que poderíamos designar de heterotópico.

Palavras-chave: inscrição, diferido, método, singularidade, heterotópico

Kultur - 1962, 1962, têmpera sobre tela, 73 x 92 cm